O Impacto Financeiro das Infecções de Sítio Cirúrgico nos Hospitais

As infecções de sítio cirúrgico (ISCs) são responsáveis por 20% das infecções relacionadas à assistência de saúde (IRAS)1. Essas infecções merecem atenção redobrada, pois são eventos que podem aumentar o tempo de internação, a morbimortalidade e os custos hospitalares.  A maioria dessas ISCs se manifesta após a alta hospitalar, sendo subnotificada quando não há o seguimento do paciente cirúrgico. Programas de vigilância específicos para esses casos após a alta são considerados fundamentais para evitar que esse quadro se apresente.

As infecções de sítio cirúrgico aumentam até 11 vezes o risco de mortalidade4 e, apesar da maioria dos pacientes se recuperar sem sequelas graves, 77% desse resultado está relacionado a pacientes infectados após submissão a um procedimento cirúrgico3. Além dos males diretos ao paciente, as infecções de sítio cirúrgico geram um alto custo aos sistemas de saúde. Nos Estados Unidos, embora os custos de uma ISC variem amplamente com base no grau de infecção e no local da cirurgia, o custo médio estimado por caso pode superar US$ 90.000, se o evento envolver um implante de prótese.4 No geral, o sistema de saúde americano estima um custo direto com as infecções de sítio cirúrgico de US$ 3,5 a US$ 10 bilhões anualmente.5

 

Reflexo no Custo-efetividade

A descoberta de que até 60% das infecções de sítio cirúrgico são evitáveis tornou a ISC um importante fator de controle de qualidade das instituições e uma métrica-chave de “Pagamento por Desempenho”.6 Desde 2008, os Centros de Serviços de Medicare e Medicaid (CMS) dos EUA não estão mais reembolsando hospitais por infecções relacionadas à assistência de saúde como a infecção de sítio cirúrgico.3 Não surpreendentemente, a prevenção deste tipo de infecção tornou-se um objetivo crítico para instituições em todo o país.

Embora as ISCs tenham demonstrado aumentar os custos dos cuidados de saúde, poucos estudos realizaram uma análise da perspectiva dos administradores hospitalares. Um estudo retrospectivo conduzido por Shepard et al objetivou identificar a mudança lucro-hospitalar devido às infecções ocasionadas por essa topografia. Foram avaliados pacientes internados nesses hospitais entre 1º de janeiro de 2007 a 31 de dezembro de 2010. O estudo foi realizado em 4 dos hospitais de cuidados intensivos do The Johns Hopkins Health System em Maryland: Johns Hopkins Bayview (560 leitos); Howard County General Hospital (238 leitos); Hospital Johns Hopkins (946 leitos); e Hospital Suburban (229 leitos).7

Durante os 3 anos de análise, houve 399.627 internações, 25.849 procedimentos cirúrgicos de interesse e 618 ISCs identificadas, resultando em uma taxa de ISC de 2,76 por 100 procedimentos cirúrgicos. Os dados sugeriram que a perda líquida de lucros devido a ISCs para o Sistema de Saúde Johns Hopkins variou entre US$ 4.147 e US$ 22.239 por infecção em sítio cirúrgico, não contabilizando os custos indiretos.7

O estudo concluiu que os médicos podem estimular os executivos do hospital a investir em intervenções caras ou tecnologia voltada para a redução de ISCs, fornecendo uma análise de custo-benefício. Ao conduzir essa análise, é crucial usar a terminologia financeira adequada. Como há uma necessidade crescente de iniciativas adicionais de prevenção de infecção, que tendem a exigir financiamento adicional, é imperativo que se tome cuidado ao apresentar números financeiros precisos para manter o bem-estar financeiro das instituições de saúde e promover a segurança dos pacientes.2

 

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Um forte abraço e até logo!

 

Referências:

1. The Epidemiology and Clinical Impact of Surgical Site Infections in the Older Adult.

2. Oliveira, Adriana Cristina et al. Estudo comparativo do diagnóstico da infecção do sítio cirúrgico durante e após a internação. Revista de Saúde Pública [online]. 2002, v. 36, n. 6 [Acessado 27 Outubro 2021] , pp. 717-722. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0034-89102002000700009>. Epub 16 Dez 2002. ISSN 1518-8787. https://doi.org/10.1590/S0034-89102002000700009.

3. Stone PW. Changes in Medicare reimbursement for hospital-acquired conditions including infections. Am J Infect Control. 2009;37:17A-18A.

4. Berríos-Torres SI, Umscheid CA, Bratzler DW, et al. Healthcare infection control practices advisory committee. Centers for Disease Control and Prevention guideline for the prevention of surgical site infection, 2017. eAppendix. JAMA Surg. Published online May 3, 2017.

5. Ban KA, Minei JP, Laronga C, et al. American College of Surgeons and Surgical Infection Society: Surgical site infection guidelines, 2016 update. J Am Coll Surg. 2017;1:59-74.

6. Centers for Disease Control and Prevention. https://www.cdc.gov/nhsn/pdfs/pscmanual/9pscssicurrent.pdf. Accessed 04/17/18.

7. Shepard J, Ward W, Milstone A, Carlson T, Frederick J, Hadhazy E, Perl T. Financial impact of surgical site infections on hospitals: the hospital management perspective. JAMA Surg. 2013;148(10):907-914.

 

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